votos

que os olhos possam ver
toda natureza que há na terra

a dança extasiada das feras
o som, a fúria e a liberdade
quero olhos espaciais
cintilantes e atentos
de sonhos coloridos

e beijos azuis

a vida é um reflexo sincero dos corações

haux

entre duas auroras

iluminou-se uma nova verdade

o caos que havia no peito

deu luz a uma estrela cintilante
deixei brilhar a loucura
para abandonar com alegria toda sabedoria tola
o útero da vida é musica e significado
e o amor uma roda que gira em torno de si mesma

o coração se desfez
num grito
no despertar
voltou a constante
logo acelerou
mais que o tempo
foi difícil respirar
sem longas pausas

a menina chega na chuva
seus olhos e roupas estão molhados
alguém investiga a distância seus passos
a criatura não quer abandonar a tempestade

destino

apologia ao azul

dizem que a terra era sem forma e vazia
e por todo o firmamento havia trevas sobre a face do abismo
dizem que o grande espírito se movia sobre as águas
e que nada mais dormia por onde ele passava

e por mais que tentem ser diferentes

ainda se parecem demais uns com os outros

a realidade é apenas uma reprodução
respire fundo no inicio do seu dia
 pode ser tudo fantasia...

quebrei o espelho em sete partes
e vi o leão adormecer
acordei para uma nova era
onde a estratosfera é cinza que mata
o apito dos índios foi embora
e sou eu quem sopra agora

a gravidade do desejo

dificil dizer o que aconteceu quando muita coisa acontece
a vida pode ser sedutora de muitas maneiras
mas o encantamento há de ser apenas encanto quando confrontado
a não ação continua a ser em sua permanência
e assim seguimos a perguntar o que foi que houve
encho os pulmões vazios na tempestade
e só eu sei o quanto desejei o dia e noite
e quanto ainda que não houvessem mais nenhum dos dois
sentir o fogo que expira a própria alma pelas narinas pode ser assustador
mas não existe destino que empurre um homem
para um lugar onde ele não queira

transe

caminho com passos firmes e ideologias rompidas

o veneno da saliva

funde chances improvaveis

sepultara o proprio tumulo
no crepusculo do esquecimento
e seguia assobiando aquela mesma canção
porque não era capaz de lembrar-se
de mais nenhuma outra
nem o nome o cheiro ou o gosto ele podia

a vida lhe causava tamanha estranheza que

de alguma maneira

sentia-se bem com isso
já não faria diferença o bater das horas
mas o relógio marcava sempre igual
o tempo concentrado e a cronologia confusa
ocultavam as genuinas grandezas do ínfimo
em um logo período de inércia

o sujeito acaba perdendo seu foco

em um nível mais profundo

distancia-se de tudo aquilo que é iluminado

o pensamento regressa ao centro
onde nasce o esquecimento e repousa a alma
onde brota a origem de tudo aquilo que chamamos vida
desfazendo-se no silencio inebriante da criação
como se um vento forte soprasse pra longe metade do mundo
e o eterno cumprisse seu destino outra vez

meditação

sob muitas formas além
há de se tornar a inspiração
o próprio alimento
dos homens

a ciencia da

transformação

é anterior ao

pensamento

flutuando entre os pólos
extremos da existência
beijos de hidrogênio
fundem-se despercebidos

milhões de cerebros se concebem em sonhos

anuncia-se o amor, o fim e o erro
o silencio multiplicador
anuncia-se o feitiço
o abismo
a luz

mariposas e salamandras batem asas

o irracional sobrevive alimentando seu instinto

os olhos os poros a melodia da mente

as pessoas costumam colecionar sonhos ao invés de vivê-los sonhos de verticalidade assombrosa cadavéricos solitários

sonhos esquecidos

se tornam

pesadelos

ninguém sai imune daquilo que toca

apertou com força os olhos e abriu apenas um
mirou o próprio umbigo como se fosse o sol
desceu ao coração para ouvir o sangue nadar
abandonou o paraíso para não esquecê-lo

talvez