quarta-feira, 30 de setembro de 2009

os dias insólitos vão ganhando proporções assustadoras
e ainda que por ventura as portas se abram
a trama impenetrável do destino revela por enigma apenas
aquilo que esta guardado
o predador espera, espreita, observa:
o ponto forte é o centro exato da fraqueza
a noite segue em turbilhão encantada com o próprio excesso
e o odor impreguinante da fragilidade
por trás das máscaras revela-se vulgar a nudez
mas no ponto em que estamos
tudo não pasou que já não fosse
já é tarde mas nada acontece
espectros vagam ruidosos para que não se duvide de sua presença
a própria existência furta o fôlego
e aquilo que esta prestes a acontecer
ao querer tornar-se desaparece
os seios estão abertos para o amor e a morte
mas nada acontece

domingo, 27 de setembro de 2009

... assim é fadado o destino das flores
cujo aroma passeia pelo sentido dos loucos
que ainda não se deram conta
que metade da natureza se foi...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

o ventou clareou o firmamento e limpou as águas
deuses e demônios desprezam o homem cheio de si
no centro da terra há montanhas e pássaros
que nunca deixam de reconstruir seus ninhos
e por apenas um fio
unem-se todas as coisas do espaço vazio
poupo o pensamento para que não se vá
é melhor ficar em silêncio quando ninguém está disposto a escutar
aceitar o antagonismo é superar a própria contradição

terça-feira, 22 de setembro de 2009

o homem é um animal adorador, por isso ama...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

submundo

a história começa no exato ponto em que esta para acontecer idéias desconexas podem sim os ratos estão fartos de viver no submundo e só permanecem até agora pela mesma razão dos infelizes os dias passam como normalmente passam os dias e aquele que faz do pensamento sua principal atividade enlouquece os de natureza solitária que vivem a margem do mundo convencional se esquecem que nem por isso é singular e rara sua dor sempre existiram pessoas assim para os que escolhem seguir que tombem na escuridão sem medo nos limites da eternidade o agora é sempre

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

essa chuva longe que o homem vê
é apenas a imagem do que está chegando...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

dizem que os sóis
são como os olhos
dos planetas

não é fácil viver entre concretos buzinas e psicoses alheias
mas aquilo que desprezo
se torna encantador pelo próprio excesso

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

o sonho é um desejo
que o homem precisa fazer com muita força
aquilo que se apresenta aos olhos 
aos olhos se conserva de forma estranha
impreguinando os ares e as profundezas
enquanto o mundo
espera por um sorriso que custa
vejo estrelas na espuma e na sanidade
até mesmo quando não se toca música
porque se a alma fosse como a noite e o sonho
e o sonho que se percorre dentro do próprio sonho
os olhos seguiriam ainda que contrariados
até o fim da selva e o fim da noite

terça-feira, 15 de setembro de 2009

a sombra do belo

ano após ano na mesma estação a pele do animal se soltava dando lugar a uma nova e embora o destino tivesse lhe imposto ser o homem mais feio de toda a terra contemplava a vida com os olhos de mistério o santuário dos deuses para ele nunca existiu não tinha pressa por viver nem por morrer e organizava o tempo de maneira nada convencional sabia não poder violar os intuitos da natureza sem que essa natureza se recuasse para dentro de si mesma vivia ele próprio nas profundezas certo dia as aves que voavam mais alto que de costume acabaram por perder sua voz a fera seguia melancólica e solitária dissipando o silencio por todos os espaços o sol derramava suas vísceras sobre a terra e a raposa que atravessara o rio não havia se dado conta que sua cauda ainda estava molhada do topo da montanha em que vivia virou-se de costas para a carranca do abismo e olhou para si mesmo: “meu deus, como sou feio!...” o choque foi seguido de riso mas seu futuro estava impresso na própria sombra

domingo, 13 de setembro de 2009

entre sonhos e projeções
a realidade toma forma
antes mesmo que se possa dar conta
da velocidade de sua criação
e da luz de sua fúria
o silencio chega aos poucos
e aos poucos toma conta
de todos os espaços
os olhos passeiam lentamente

a poética dos animais

dizem as feras solitárias: há macacos supersticiosos e loucos lindos
e embora as arvores morram eretas suas formas também envelhecem todo horizonte recua
e todo olho chora
nenhuma lágrima sobe
mas chuvisco também molha a loucura ensina e a lucidez esclarece cabeça vazia adoece
os animais paradoxais há espaços aprisionadores e trincheiras místicas há crepúsculos jovens e estrelas que se chocam beijos enxugam lágrimas
mas o eco...

sábado, 12 de setembro de 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

nos dias em que o sol não brilha
nem a lua é o suficiente para iluminar
quando a luz das idéias não surge
todas as noites são longas
para quem não quer escuridão
pergunte a procedência
que eu também quero mais
estava muito bom
mas só restou a ponta pra mim
liberdade é poder escolher
a maioria não tem escolha
o que passou já foi
e o futuro que seja
de todos os caminhos o incerto
de todas as vontades nenhuma
de tudo um pouco
que mesmo muito
nunca é o bastante
aquela altura estava a noite fria, escura e assustadora
o assobio do vento ecoava como canção desoldora
mais de um sol se pusera para mim naquela tarde
e passei a acreditar que tudo que é reto mente
(a verdade é sinuosa demais)
os raios castigaram a terra antecipando o trovão
a pouca luz que havia definhava sob as arvores
e a propria terra parecia congelada
como se um vento forte soprasse pra longe metade do mundo
e o eterno cumprisse seu destino outra vez

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

inconsciente

dizem que uma batalha pode ser ganha apenas nos olhar entre o previsível e o caótico talvez encontre alguma coisa que valha à pena junto palavras umas nas outras
buscando dizer o que não pode ser falado talvez minha maneira de ver o mundo não passe da minha vontade
de ver o mundo de determinada maneira e o desejo
a gente sabe
nunca é razoável
para além da paisagem cintilante
num pequeno espaço entre a vida e a morte
habita intransponível a impermanencia
e se não há em parte alguma
tempo que se divida
talvez a superfície nunca seja o bastante
o ponto que supera as diferenças
foge despercebido aos olhos
toda natureza é parte das idéias eternas
mas somente a imperfeição é infinito
as vezes o destino de um homem
pode ser mais forte que sua própria vontade
era mais fácil quando eu só imaginava...
certas pessoas viajam o mundo inteiro
mas tudo que vêem é um espelho
os gritos ecoam pelo espaço
como um pesadelo de asas negras e vozes bufantes
a razão rouba a liberdade sem ser reconhecida
 e torna-se a humanidade refém de um fantasma sem face
o céu anuncia em sombras o futuro e o improvável
alguns animais me contaram uma história triste
sobre versos roubados e canções esquecidas
 assim que pesadelo acabar
poderá ser tarde demais
nossa guerra está apenas no começo

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

século após século
de abraços carnais
e ainda assim
não estamos
mais próximos
de nos entendermos...
antigamente a face oculta da lua era um mistério
cada um imaginava o que queria
sempre existirão coisas das quais nunca iremos saber
e perguntas que jamais serão feitas...
talvez tenhamos medo das mesmas coisas
dos dias pequenos e coração vazio
de ter tudo o que é preciso e continuar desejando...
jamais vou conseguir dizer o que pretendo
meu sopro mais profundo vai ser sempre um anseio
até a eternidade é sombra...
olho para um céu tão estranho que parece sólido
e mesmo sabendo que não se pode tocá-lo
continuo rezando para ser engolida por ele

a insanidade do tempo

o sonho o homem dirigiu
onde o fim
jamais existirá
mora ali a face horrenda
o sangue seu
e nos fatais caminhos
não se sabe o que será
logo ele se apressa
pra chegar
mas seu destino
é um futuro temido
na insanidade
do tempo vivido
na sanidade
da loucura concebido