os dias insólitos vão ganhando proporções assustadoras
e ainda que por ventura as portas se abram
a trama impenetrável do destino revela por enigma apenas
aquilo que esta guardado
o predador espera, espreita, observa:
o ponto forte é o centro exato da fraqueza
a noite segue em turbilhão encantada com o próprio excesso
e o odor impreguinante da fragilidade
por trás das máscaras revela-se vulgar a nudez
mas no ponto em que estamos
tudo não pasou que já não fosse
já é tarde mas nada acontece
espectros vagam ruidosos para que não se duvide de sua presença
a própria existência furta o fôlego
e aquilo que esta prestes a acontecer
ao querer tornar-se desaparece
os seios estão abertos para o amor e a morte
mas nada acontece
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
domingo, 27 de setembro de 2009
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
o ventou clareou o firmamento e limpou as águas
deuses e demônios desprezam o homem cheio de si
no centro da terra há montanhas e pássaros
que nunca deixam de reconstruir seus ninhos
e por apenas um fio
unem-se todas as coisas do espaço vazio
poupo o pensamento para que não se vá
é melhor ficar em silêncio quando ninguém está disposto a escutar
aceitar o antagonismo é superar a própria contradição
terça-feira, 22 de setembro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
submundo
a história começa no exato ponto em que esta para acontecer
idéias desconexas podem sim
os ratos estão fartos de viver no submundo
e só permanecem até agora pela mesma razão dos infelizes
os dias passam como normalmente passam os dias
e aquele que faz do pensamento sua principal atividade enlouquece
os de natureza solitária
que vivem a margem do mundo convencional
se esquecem que nem por isso é singular e rara sua dor
sempre existiram pessoas assim
para os que escolhem seguir que tombem na escuridão sem medo
nos limites da eternidade o agora é sempre
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
o sonho é um desejo
que o homem precisa fazer com muita força
aquilo que se apresenta aos olhos
aos olhos se conserva de forma estranha
impreguinando os ares e as profundezas
enquanto o mundo
espera por um sorriso que custa
vejo estrelas na espuma e na sanidade
até mesmo quando não se toca música
porque se a alma fosse como a noite e o sonho
e o sonho que se percorre dentro do próprio sonho
os olhos seguiriam ainda que contrariados
até o fim da selva e o fim da noite
que o homem precisa fazer com muita força
aquilo que se apresenta aos olhos
aos olhos se conserva de forma estranha
impreguinando os ares e as profundezas
enquanto o mundo
espera por um sorriso que custa
vejo estrelas na espuma e na sanidade
até mesmo quando não se toca música
porque se a alma fosse como a noite e o sonho
e o sonho que se percorre dentro do próprio sonho
os olhos seguiriam ainda que contrariados
até o fim da selva e o fim da noite
terça-feira, 15 de setembro de 2009
a sombra do belo
ano após ano
na mesma estação
a pele do animal
se soltava
dando lugar a uma nova
e embora o destino tivesse lhe imposto
ser o homem mais feio
de toda a terra
contemplava a vida
com os olhos de mistério
o santuário dos deuses para ele nunca existiu
não tinha pressa
por viver nem por morrer
e organizava o tempo
de maneira nada convencional
sabia não poder violar os intuitos da natureza
sem que essa natureza se recuasse
para dentro de si mesma
vivia ele próprio nas profundezas
certo dia as aves que voavam mais alto que de costume
acabaram por perder sua voz
a fera seguia melancólica e solitária
dissipando o silencio por todos os espaços
o sol derramava suas vísceras sobre a terra
e a raposa que atravessara o rio
não havia se dado conta
que sua cauda ainda estava molhada
do topo da montanha em que vivia
virou-se de costas para a carranca do abismo
e olhou para si mesmo:
“meu deus, como sou feio!...”
o choque foi seguido de riso
mas seu futuro
estava impresso na própria sombra
domingo, 13 de setembro de 2009
a poética dos animais
dizem as feras solitárias:
há macacos supersticiosos
e loucos lindos
e embora as arvores morram eretas
suas formas também envelhecem
todo horizonte recua
e todo olho chora
nenhuma lágrima sobe
mas chuvisco também molha
a loucura ensina
e a lucidez esclarece
cabeça vazia adoece
os animais paradoxais
há espaços aprisionadores
e trincheiras místicas
há crepúsculos jovens
e estrelas que se chocam
beijos enxugam lágrimas
mas o eco...
sábado, 12 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
nos dias em que o sol não brilha
nem a lua é o suficiente para iluminar
quando a luz das idéias não surge
todas as noites são longas
para quem não quer escuridão
pergunte a procedência
que eu também quero mais
estava muito bom
mas só restou a ponta pra mim
quando a luz das idéias não surge
todas as noites são longas
para quem não quer escuridão
pergunte a procedência
que eu também quero mais
estava muito bom
mas só restou a ponta pra mim
liberdade é poder escolher
a maioria não tem escolha
o que passou já foi
e o futuro que seja
de todos os caminhos o incerto
de todas as vontades nenhuma
de tudo um pouco
que mesmo muito
nunca é o bastante
a maioria não tem escolha
o que passou já foi
e o futuro que seja
de todos os caminhos o incerto
de todas as vontades nenhuma
de tudo um pouco
que mesmo muito
nunca é o bastante
aquela altura estava a noite fria, escura e assustadora
o assobio do vento ecoava como canção desoldora
mais de um sol se pusera para mim naquela tarde
e passei a acreditar que tudo que é reto mente
(a verdade é sinuosa demais)
os raios castigaram a terra antecipando o trovão
a pouca luz que havia definhava sob as arvores
e a propria terra parecia congelada
como se um vento forte soprasse pra longe metade do mundo
e o eterno cumprisse seu destino outra vez
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
inconsciente
dizem que uma batalha pode ser ganha apenas nos olhar
entre o previsível e o caótico
talvez encontre alguma coisa que valha à pena
junto palavras umas nas outras
buscando dizer o que não pode ser falado
talvez minha maneira de ver o mundo
não passe da minha vontade
de ver o mundo de determinada maneira
e o desejo
a gente sabe
nunca é razoável
para além da paisagem cintilante
num pequeno espaço entre a vida e a morte
habita intransponível a impermanencia
e se não há em parte alguma
tempo que se divida
talvez a superfície nunca seja o bastante
o ponto que supera as diferenças
foge despercebido aos olhos
toda natureza é parte das idéias eternas
mas somente a imperfeição é infinito
num pequeno espaço entre a vida e a morte
habita intransponível a impermanencia
e se não há em parte alguma
tempo que se divida
talvez a superfície nunca seja o bastante
o ponto que supera as diferenças
foge despercebido aos olhos
toda natureza é parte das idéias eternas
mas somente a imperfeição é infinito
as vezes o destino de um homem
pode ser mais forte que sua própria vontade
era mais fácil quando eu só imaginava...
era mais fácil quando eu só imaginava...
certas pessoas viajam o mundo inteiro
mas tudo que vêem é um espelho
os gritos ecoam pelo espaço
como um pesadelo de asas negras e vozes bufantes
a razão rouba a liberdade sem ser reconhecida
e torna-se a humanidade refém de um fantasma sem face
o céu anuncia em sombras o futuro e o improvável
a razão rouba a liberdade sem ser reconhecida
e torna-se a humanidade refém de um fantasma sem face
o céu anuncia em sombras o futuro e o improvável
alguns animais me contaram uma história triste
sobre versos roubados e canções esquecidas
assim que pesadelo acabar
assim que pesadelo acabar
poderá ser tarde demais
nossa guerra está apenas no começo
nossa guerra está apenas no começo
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
antigamente a face oculta da lua era um mistério
cada um imaginava o que queria
sempre existirão coisas das quais nunca iremos saber
e perguntas que jamais serão feitas...
talvez tenhamos medo das mesmas coisas
dos dias pequenos e coração vazio
de ter tudo o que é preciso e continuar desejando...
jamais vou conseguir dizer o que pretendo
meu sopro mais profundo vai ser sempre um anseio
até a eternidade é sombra...
olho para um céu tão estranho que parece sólido
e mesmo sabendo que não se pode tocá-lo
continuo rezando para ser engolida por ele
cada um imaginava o que queria
sempre existirão coisas das quais nunca iremos saber
e perguntas que jamais serão feitas...
talvez tenhamos medo das mesmas coisas
dos dias pequenos e coração vazio
de ter tudo o que é preciso e continuar desejando...
jamais vou conseguir dizer o que pretendo
meu sopro mais profundo vai ser sempre um anseio
até a eternidade é sombra...
olho para um céu tão estranho que parece sólido
e mesmo sabendo que não se pode tocá-lo
continuo rezando para ser engolida por ele
a insanidade do tempo
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